Publicado em 24/01/2025

O que é aborto espontâneo? Entenda as causas e sintomas

O aborto espontâneo é a perda de uma gravidez de forma natural, ou seja, sem intervenção intencional, antes de a gestão atingir a 20ª ou 22ª semana (dependendo da definição adotada). Ele ocorre quando o feto ou o embrião não consegue continuar a se desenvolver no útero devido a diversas causas. Entender as principais causas, sintomas e fatores de risco é essencial para a saúde materna.

Prevalência do aborto espontâneo

Estudos indicam que a prevalência de aborto espontâneo no Brasil é de aproximadamente 14%, enquanto no mundo esse número chega a 15% de todas as gestações, o que equivale a cerca de 44 abortos espontâneos por minuto. Nas mulheres acima de 40 anos, a taxa pode chegar a 30-40%.

Principais sintomas de aborto espontâneo

O aborto espontâneo pode ser silencioso, como em casos de aborto retido, que ocorre quando um embrião ou feto não se desenvolve e o corpo da mulher não o expulsa. Entretanto, quando manifesta sintomas, alguns dos principais são:

  • Sangramento vaginal: Pode variar de manchas leves a um fluxo intenso, muitas vezes acompanhado de coágulos ou tecidos.

  • Cólicas ou dores abdominais: Dores intensas e persistentes, semelhantes às cólicas menstruais.

  • Dores lombares: Dor constante ou em forma de pontadas na região lombar.

  • Desaparecimento de sintomas de gravidez: Redução repentina de sinais como náuseas e sensibilidade nos seios.

  • Febre ou calafrios: Pode indicar infecção, sendo um sinal de alerta.

  • Pressão pélvica: Sensação de peso ou pressão, indicando possível dilatação do colo do útero.

O acompanhamento pré-natal é essencial para detecção precoce, tanto na presença quanto na falta de sintomas.

Quais são as principais causas de aborto espontâneo?

O aborto espontâneo pode ocorrer por diversas razões, muitas das quais estão relacionadas a fatores genéticos, biológicos ou ambientais. A seguir, confira algumas das mais comuns.

Anormalidades Genéticas ou Cromossômicas

A maioria dos abortos espontâneos, especialmente no primeiro trimestre, ocorre devido a anormalidades nos cromossomos do embrião ou feto. Essas anormalidades podem ser numéricas (como trissomias, onde há um cromossomo extra, como na síndrome de Down) ou estruturais (alterações na forma ou organização dos cromossomos).

Podem ser desencadeados por problemas durante a divisão celular na formação do óvulo ou espermatozoide, assim como por falhas na combinação genética entre os gametas do pai e da mãe.

Um exemplo de condição genética que pode levar a um aborto no início da gestação é trissomia do cromossomo 16.

Problemas Hormonais

Desequilíbrios hormonais podem interferir no suporte adequado ao desenvolvimento do embrião. A progesterona, por exemplo, é essencial para preparar o útero e sustentar a gravidez nas primeiras semanas. Níveis insuficientes desse hormônio podem levar à falha na implantação ou no desenvolvimento do embrião.

Outro exemplo é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que pode desencadear alterações hormonais aumentar o risco de aborto.

As doenças da tireoide, tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo, também podem podem prejudicar a gestação e levar a um aborto espontâneo.

Doenças Maternas Crônicas

Doenças crônicas são aquelas que duram por mais de um ano e podem limitar a qualidade de vida. Gestantes que lidam com este tipo de condição também podem sofrer complicações na gravidez. Alguns exemplos são:

  • Diabetes descontrolada: Altos níveis de glicose no sangue podem prejudicar o desenvolvimento do embrião.

  • Hipertensão: A pressão alta não controlada pode afetar o fluxo sanguíneo para a placenta, comprometendo o desenvolvimento fetal.

  • Doenças autoimunes: Condições como lúpus ou síndrome do anticorpo antifosfolipídeo podem levar a problemas de coagulação e aumentar o risco de aborto.

Problemas Estruturais no Útero ou Colo do Útero

Alterações na anatomia do útero, como septo uterino ou útero bicorno, podem limitar o espaço ou o suprimento sanguíneo necessário para o feto, prejudicando a saúde e levando a uma fatalidade. Tumores benignos podem alterar o ambiente uterino e dificultar o desenvolvimento do feto.

Uma outra possibilidade é a “incompetência do colo do útero”, que ocorre quando o colo do útero é incapaz de permanecer fechado durante a gravidez. Esta condição pode levar a abortos no segundo trimestre de gestação.

Infecções

Infecções maternas podem causar inflamação ou diretamente afetar o feto e o ambiente uterino. Exemplos incluem:

  • Infecções sexualmente transmissíveis (como clamídia, gonorreia, ou sífilis).

  • Infecções virais (como citomegalovírus, rubéola, ou herpes).

  • Infecções bacterianas (como listeriose, causada por alimentos contaminados).

Por isso, é importantíssimo tomar todas as medidas recomendadas para prevenir infecções, como manter a higiene pessoal em dia e realizar todas as consultas de pré-natal.

Exposição a Fatores Externos

Existem diversos elementos externos capazes de prejudicar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. A lista inclui a exposição a substâncias químicas, como pesticidas, solventes, metais pesados, ou outras toxinas ambientais, assim como o consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas. A exposição a altos níveis de radiação também pode causar danos genéticos no embrião.

Problemas Imunológicos

Em alguns casos, o sistema imunológico da mãe pode reconhecer o embrião como um corpo estranho e atacá-lo, prejudicando seu desenvolvimento e podendo levar a um aborto espontâneo. Isso ocorre, por exemplo, na eritroblastose fetal, uma condição em que os anticorpos maternos acabam atravessando a barreira placentária e destroem as hemácias do feto.

Um outro tipo de problema imunológico que também pode prejudicar a gestação é a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo. Essa doença autoimune é caracterizada pela produção de anticorpos que atacam as proteínas ligadoras de fosfolipídios nas células, e pode levar a problemas de coagulação do sangue, dificultando o fluxo para a placenta.

Idade Materna Avançada

Mulheres com idade superior a 35 anos têm um risco aumentado de aborto espontâneo. Isso ocorre por diversos fatores, sendo os principais:

  • Maior probabilidade de anormalidades cromossômicas.

  • Alterações na qualidade dos óvulos.

  • Aumento da prevalência de problemas de saúde crônicos.

Por isso, gestantes mais velhas precisam tomar ainda mais cuidado e atentar-se bastante a todas as orientações médicas.

Traumas Físicos ou Cirúrgicos

Impactos diretos no abdômen ou traumas graves podem causar o descolamento da placenta ou danos ao feto. O mesmo vale para as cirurgias abdominais durante a gestação, embora muitas vezes sejam necessárias.

Fatores Desconhecidos

Por fim, vale mencionar que cerca de 50% dos casos de aborto espontâneo não têm uma causa claramente identificável, mesmo após investigação. Isso reflete a complexidade dos fatores que contribuem para a manutenção de uma gravidez.

Infelizmente, o problema também é sistêmico. Autores de estudos sobre o tema identificaram que os cuidados e apoio existentes para mulheres e casais são “inconsistentes e mal organizados”, e equivalem a pouco mais do que as pacientes sendo instruídas a “apenas tentar novamente”.

Apesar disso, buscar a identificação da causa do aborto espontâneo é importante, especialmente em casos recorrentes, para planejar estratégias preventivas em gestações futuras. Consultar um médico especializado, como um ginecologista ou um especialista em medicina reprodutiva, pode ajudar a esclarecer o motivo e oferecer opções de tratamento ou acompanhamento.

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